Sumário
Esse mês falamos bastante sobre Tarot aqui na revista Meu Retiro. Contamos quais os tipos de tarot que existem, e o significado de suas cartas em um artigo dividido em duas partes.
Hoje vamos falar sobre sua história e sua origem. De onde vem o Tarot? Como ele chegou até nós?
Vamos embarcar juntos nessa viagem repleta de história e magia.
O que é o Tarot?
O Tarot é um baralho para leitura oracular composto por, normalmente, 78 cartas, sendo 22 delas conhecidas por Arcanos Maiores, e 56 como Arcanos Menores.
Aqui no Brasil e demais países de língua latina, o Tarot de Marselha é o baralho mais popular, e ele possui essa formação descrita acima.
Cada carta deste baralho, também chamada de lâmina, possui uma ilustração de representações de mitos e arquétipos, que traz um significado e uma mensagem diferente para aquele que está consultando as cartas.
Essas lâminas ao serem combinadas, e recombinadas, dão significados diferentes às questões propostas pelo consultante.
As lâminas de Arcanos Maiores tratam sobre o ‘eu interior’ e nossas individualidades; e os Menores, falam sobre o mundo exterior e aspectos de sua personalidade.
As cartas ‘falam’ através de seus símbolos representados, e a interpretação delas varia conforme a pessoa que está se consultando, sua vivência, e o momento pelo qual ela está passando.
O tarot é uma ferramenta de autoconhecimento, e um desenvolvedor da nossa intuição. Sua função, mais do que de fazer previsões, é de nos guiar ao encontro de respostas dentro de nós mesmos.
A história do Tarot
Não existe consenso sobre o ponto de surgimento do Tarot, principalmente antes de sua chegada à Europa.
Alguns estudiosos defendem que ele tenha raízes no Egito, pois existem louças com pinturas que lembram imagens de cartas; outros atribuem o crédito aos ciganos; e outros ainda, indicam que as 56 cartas do baralho comum vieram de um jogo difundido pelos guerreiros mamelucos.
Uma das teorias mais difundidas é que na biblioteca de Alexandria, durante a Idade Média, haviam lâminas de Tarot registradas em papiros.
As mensagens que explicavam verdades sobre a humanidade, eram feitas em desenhos a serem interpretados para não serem descobertas pelos cristãos ortodoxos da época.
Com a queima da biblioteca, não há como se confirmar essa teoria.
O que é amplamente conhecido, é que por volta do século XIV, essas imagens chegaram até a Itália, principalmente nas cortes de Milão, Ferrara e Florença, mas as cartas eram usadas apenas para jogos lúdicos, como um chamado Tarocchi, ou ofertadas como presentes entre os membros da realeza, já que eram pintadas com tinta a base de ouro.
O baralho era originalmente composto apenas pelos 4 naipes dos Arcanos Menores, mas com o passar do tempo, os artistas começaram a adicionar trunfos, criando lentamente os Arcanos Maiores.
No início do século XVI, o Tarocchi tornou-se imensamente popular na França e foi renomeado para Tarot.
Esse baralho que chegou à França era uma versão da usada em Milão, e lá evoluiu para o Tarot de Marselha, com a estrutura padrão da maioria dos baralhos de hoje.
Somente no século XVIII que surgem relatos do uso de tal baralho como instrumento de estudos astrológicos e de previsões em escolas e ordens ocultistas pela Europa.
Em 1770, em Paris, Etteilla – pseudônimo do ocultista Jean-Baptiste Alliette, escreveu seu primeiro livro de cartomancia, o primeiro registro explícito que se tem notícia sobre o uso do Tarot para adivinhação.
Já em 1783 ele publicou o primeiro manual sobre como ler o Tarot, e seis anos depois lançou o primeiro baralho de Tarot feito especificamente para fins de adivinhação.
Vale pontuar a curiosidade de que não existem registros de que haviam mulheres que usavam Tarot naquela época, isso muito provavelmente por conta de uma sociedade extremamente machista e patriarcal.
No final do século XIX, em Londres, a Ordem Hermética da Aurora Dourada, uma sociedade secreta dedicada ao estudo e prática do ocultismo, da metafísica e da atividade paranormal, produziu algumas das mentes mais influentes do tarô ocidental, como Aleister Crowley e Arthur Edward Waite, co-criador do baralho intitulado Rider-Waite.
No ínicio do século XX, o Tarot chega às Américas pelos EUA, com baralhos Rider-Waite piratas e começa a se popularizar. Nos anos 1960, a atriz e escritora Eden Gray, publicou seu primeiro livro – “Tarot Revealed: A Modern Guide to Reading the Tarot Cards” – que dava instruções simples e diretas de como usar o Tarot de forma fácil e acessível a qualquer pessoa.
Gray defendia que qualquer um poderia ler as cartas do tarot, e que essa leitura se trata de intuição e não de memorização, que as cartas podem ser interpretadas de várias maneiras.
Esse pensamento inspirou muitos a criarem seus próprios baralhos, com suas próprias interpretações de arquétipos e símbolos.
No Brasil o tarot também chegou no século XX, por volta da década de 1920, mas popularizou-se principalmente nos anos 1970, através da publicação de artigos em veículos como a Revista Planeta, um periódico de temática esotérica e fantástica.
Tarot e baralho cigano são a mesma coisa?
Já que estamos falando de história, vamos tirar uma dúvida comum.
Algumas pessoas confundem o Tarot com o baralho cigano, mas definitivamente eles não são a mesma coisa.
Além da forma de interpretação ser diferente, sua origem é totalmente outra.
O baralho cigano surgiu na França da Era Napoleônica, através da cartomante Marie-Anne-Adelaide Lenormand, contendo 36 cartas, com figuras mais modernas, usadas para interpretações mais diretas e pragmáticas, como respostas de “sim” ou “não”.
A única coisa que une os dois baralhos é que ambos usam cartas para fins oraculares.
Para saber mais
Mais uma vez linkamos aqui em nossa revista, um conteúdo do ótimo canal Artétipos, um vídeo onde o tarólogo Lucca Ferronatto indica os cinco melhores livros para você saber mais sobre esse assunto.
Confira as dicas abaixo:
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