Sumário
Existe uma frase famosa do Carl Jung, que diz:
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.
Somos ensinados a nos comunicar de uma maneira onde não podemos errar, e caso isso aconteça, sentimos um mal-estar. CNV é um método onde procuramos dar outro significado para as crenças de perder e ganhar. Com essa prática, podemos olhar de um jeito diferente para a forma que estamos nos relacionando com o outro e com nós mesmos.
O Que é CNV (Comunicação Não Violenta) ?
Vivemos uma cultura de “Quem está certo e quem está errado?”, onde nos sentimos na obrigação de dar nossas opiniões e julgar as ações de outras pessoas quase que de forma automática, sem parar para refletir no impacto das palavras antes de falar. Nós não paramos para ouvir o que as outras pessoas estão passando, e o nosso inconsciente procura impor ordem e lógica, deixando de lado o respeito à desordem e confusão de cada indivíduo. Com a CNV, nós procuramos acompanhar e ouvir as histórias das pessoas, e não agir como especialistas que vão ensinar uma lição.
Não me importa saber sua idade ou quanto dinheiro você tem, quero saber o que o seu coração mais deseja, e se você tem coragem de satisfazer esses desejos. Quero saber se é capaz de ficar só consigo mesmo, e se gosta da sua companhia. Vamos juntos entender quais são os seus medos e incertezas.
A CNV geralmente é uma prática feita em grupo, que chamamos de Círculos Empáticos. Esse é um ambiente seguro que transborda amor, com um conjunto de pessoas que estão dispostas a praticar a empatia ao ouvir e criar conexões que permitem se aproximar e colaborar com a necessidade dos outros. A ideia é que possamos encontrar a conexão com nossas próprias necessidades e sentimentos, para as compartilharmos de forma clara e sincera em nossas relações e na sociedade.
Reflexões e Questionamentos de uma Linguagem Sem Violência
O Que Está Vivo em Mim?
Olhar para os meus sentimentos e investigar quais são as minhas necessidades, além de entender o que é importante para mim.
Como Eu Posso Tornar a Vida Mais Maravilhosa?
Reconhecer o poder da auto responsabilidade e entender como podemos nos comunicar e interagir de forma harmoniosa com o ambiente e as pessoas ao nosso redor.
Você pode se interessar por esse artigo que preparamos: Autoconhecimento – Conhece-te a ti mesmo
CNV na Prática
Para pensarmos em como nos comunicar de forma não violenta, existem quatro passos que auxiliam esse processo:
1. Observação – O Que Acontece em Mim/no Outro
Troque os julgamentos por observações. Observe o que realmente está acontecendo em determinada situação. O julgamento acontece quando deixamos o campo de observação e usamos adjetivos ou generalizamos.
- Observação: Ela chegou na escola às 15 horas
Adjetivo: Ele foi guloso, Você é egoísta
Quando generalizamos: Sempre, nunca, todo mundo = Você sempre deixa as coisas para última hora
Busque aprender a compreender a sua situação ou história dos outros, deixe a postura defensiva/julgadora de lado.
2. Sentimentos – Eu me sinto…
A ideia é usar palavras que definem o que estou sentindo com relação a determinada situação, e não o que penso. Podemos nos permitir sermos vulneráveis para resolver conflitos e diferenciar o que penso, sinto e interpreto. O importante é buscar dar nomes para o que sentimos:
Usar voz passiva ou “que” são pensamentos, e não necessidades.
- Sentimento: Me sinto triste
Voz passiva: Estou me sentindo ignorado
“Que”: Eu acho que isso está errado
Procure diferenciar o sentimento do pseudo-sentimento: preciso de outra pessoa ou objeto para me sentir de determinada maneira?
3. Necessidades – Do Que Eu Preciso?
Assim que compreendemos o sentimento que surgiu, precisamos entender quais necessidades estão ligadas a ele. Agora é o momento de praticar o autoconhecimento para fazer uma análise pessoal que seja clara e honesta. Qual é o meu objetivo? Para conseguir determinado resultado, eu prejudiquei alguma relação?
As necessidades geram quais sentimentos?
4. Pedidos – Clareza e Honestidade
Os pedidos são solicitações que podem ou não ser atendidas por terceiros. Pedidos não são exigências, e devem ser específicos, evitando ambiguidade ou termos abstratos. A ideia é deixar claro o que quero.
A exigência não aceita um não como resposta.
Assim que eu identificar qual é a minha necessidade, qual ação pode ser feita para alcançar o resultado que quero? Qual pedido específico eu poderia fazer? Dê uma indicação clara sobre o que precisa e como o seu pedido pode ser atendido. Lembrando que uma pessoa não deve ser julgada caso não queira atender o seu pedido, já que estamos procurando dizer o que realmente estamos sentindo e praticar empatia para compreender o que o outro também sente.
Dicas Para Explorar o Universo da Comunicação Não Violenta
Além desses quatro passos da CNV, podemos nos atentar a outros fatores.
Não Estamos Aqui Para Dominar o Outro
Vivemos em uma sociedade que pratica o paradigma da dominação, em que temos a visão de certo e errado, pessoas boas e más, e aqueles que fogem da regra devem ser punidos. O conceito do fardo e culpa que insiste em punir aqueles que cometem erros é um dos pilares desse paradigma. Aplicamos esse padrão de violência invisível em nós mesmos sem perceber, e conhecer mais sobre os hábitos que criamos de culpa e punição é uma jornada de autoconhecimento única.
A violência invisível pode ser algo sutil aos olhos ou ouvidos, mas que sentimos de forma profunda.
Todas as Ações que Fazem o Outro, ou Nós Mesmos, Sentir Culpa ou Vergonha, é um Ato de Violência Invisível
Por mais que nós busquemos praticar os quatro passos da CNV, deslizes podem acontecer e, às vezes, acabamos criando a sensação de culpa ou vergonha. Essa ação coloca o outro (ou eu) em um modo de defesa, em que a conversa deixa de fluir e acaba se tornando um conflito com troca de acusações. Quando reconhecer que a sua forma de comunicação não está se saindo da maneira que você gostaria, faça uma autoanálise e se pergunte:
- O que eu estou dizendo pode gerar culpa ou vergonha?
- Eu quero provocar esses sentimentos?
- Qual é o meu objetivo com essa comunicação?
Lembre-se de que sempre existe uma escolha, por mais que nós estejamos imersos em uma cultura que aprendeu a se relacionar dessa forma, nós podemos escolher interromper o ciclo da violência para espalhar amor e empatia.
Precisamos rever o nosso “modelo de mundo” para reconstruir novos hábitos e olhares.
Instituto CNV Brasil
Se quiser se aprofundar nesse assunto, o site https://www.institutocnvb.com.br/ contém várias informações e materiais de estudo disponíveis. Você pode baixar alguns e-books gratuitos para começar sua jornada de autoconhecimento: Materiais de estudo Instituto CNV Brasil
Dentre os materiais disponibilizados, você encontra a Lista de Sentimentos e Necessidades completa que citamos nesse artigo, que pode ser um guia para começar a se analisar e praticar a CNV na sua vida.
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