Sumário
Aviso de Conteúdo Sensível: O conteúdo a seguir aborda temas sensíveis e pode conter gatilhos emocionais. Recomendamos cautela ao prosseguir com a leitura e, se necessário, busque apoio de um profissional ou entre em contato com uma rede de suporte emocional.
O dia 10 de setembro marca o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, organizado pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio, com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O objetivo principal é aumentar a conscientização global sobre a prevenção do suicídio, promovendo a colaboração entre diferentes partes interessadas e incentivando a capacitação para lidar com a automutilação e o suicídio de forma preventiva.
Esses objetivos podem ser alcançados através da formação de profissionais de saúde e outros atores envolvidos, da disseminação de mensagens positivas e informativas voltadas para o público geral e grupos de risco, como jovens, além de incentivar o diálogo aberto sobre saúde mental em casa, na escola, no trabalho, entre outros. Pessoas que estão contemplando ou são impactadas pelo suicídio também são encorajadas a compartilhar suas experiências e procurar apoio profissional.
Justamente por isso trazemos a seguir um texto escrito por nossa parceira Talita Sanches Ribeiro, que além de psicoterapeuta e consteladora, também tem uma experiência pessoal com o tema, e como a data pede, vem compartilhar sua experiência conosco.
A partir daqui, com a palavra, Talita:
A Tragédia
Foi em um dia no final das férias de julho que meu mundo desabou. Eu dormia até mais tarde como qualquer adolescente faz nas férias, quando minha mãe voltou do trabalho para casa e começou a preparar o almoço. Logo em seguida da refeição ela solta uma bomba: filha, você vai precisar ser forte, porque seu pai se SUICIDOU.
Meu pai se suicidou? Como assim? E querem que eu seja forte???
E foi isso que eu fiz, eu fui forte. Fingi que não senti, coloquei a minha cabeça racional para funcionar dizendo que meu pai sofria muito nessa vida e que foi melhor assim para ele, e para nós.
Hoje escrevendo isso tudo eu vejo o quanto eu não sabia de nada e o quanto minha mãe também na inocência dela, tampouco sabia sobre as emoções. Mas foi assim que eu cresci, sem poder sentir, sem poder desabafar, sem poder falar. Eu fui ensinada a sempre ver o lado bom das coisas, a pegar qualquer distração que aparecia na frente para estar anestesiada e não sentir.
Para você ter uma ideia do quanto não era visto com bons olhos o sentir na minha casa, nessa mesma noite do suicídio do meu pai, minha mãe chamou uns amigos do meu prédio em casa e fizemos pipoca e vimos televisão. Ela fez tudo isso no intuito de me ajudar, de me distrair daquilo tudo.
A Tempestade Ainda Não Passou
Hoje eu vejo o quanto de acolhimento faltou, o quanto de eu ser permitida estar com a minha dor faltou, o quanto faltou da minha mãe estar junto comigo me ajudando a regular essas emoções todas. Sei que pra a minha mãe tudo o que aconteceu também foi um susto, mesmo ela tendo se divorciado do meu pai quando eu tinha 2 anos de idade. Mas mesmo assim ela não se permitiu mostrar sua vulnerabilidade, nem nesse momento.
Eu cresci achando que chorar era sinal de fraqueza, que demonstrar emoções também. Foi muito difícil eu me relacionar com as pessoas, principalmente em relacionamentos amorosos, porque eu não me deixava estar vulnerável. As relações de trabalho também nunca foram fáceis, porque eu não me conectava às pessoas, eu ia ao trabalho apenas para “fazer” e não para “sentir”. Sentir realmente nunca havia sido o meu forte.
A descoberta de que sempre me faltou acolhimento veio duas décadas depois, quando me formei em Constelação Familiar. A Constelação Familiar é uma abordagem sensacional que nos proporciona a ter a possibilidade de dar para a criança que a gente foi um dia o carinho e o aconchego que nunca havia chegado. Não é um processo rápido e nem um processo fácil, ainda mais para uma pessoa que passou por mais de 3 décadas anestesiada, mas é uma jornada que vale a pena.
Tenho certeza que minha mãe sempre fez o melhor dela, que me ama fortemente, e que muito do que ela me trouxe foi o que ela aprendeu enquanto crescia. O que eu relato acima é apenas o impacto que sinto que aconteceu em mim diante disso tudo, pois não acredito que existam culpados, apenas a vida com ela é.
O Aprendizado
Eu trago isso tudo aqui porque quero encurtar a jornada de você leitor, e quero te mostrar como você pode identificar se você também anda pela vida carente desse acolhimento e depois como segundo passo como você pode dar isso a si mesmo, e também aos seus filhos, caso você os tenha.
Acolhendo a Criança Que Você Foi Um Dia:
Compartilho aqui alguns sinais de que a criança que você foi um dia precisa de acolhimento: • Você não tem muitas lembranças da sua infância • Você não se permite ou acha errado sentir as emoções como choro, raiva, mágoa etc • Você sente que seu parceiro ou sua parceria deveria te nutrir emocionalmente, seja pagando as suas contas, seja te trazendo reconhecimento ou te enchendo de elogios • Você é muito crítico(a) consigo mesmo ou com os outros • Você frequentemente está estressado(a) ou irritado(a) • Você não consegue acolher o outro, você não consegue ter uma boa escuta. Você sai dando conselhos ou mostrando como você já passou por coisa pior que a pessoa • Você não se permite ser autêntico, ser quem você é, tudo isso por medo do que os outros vão pensar • Você tem medo da vulnerabilidade
Caso você tenha se identificado em alguns sinais acima, eu quero te mostrar que existe um caminho de cura. Vou compartilhar um exercício que vai te ajudar muito nesse processo:
1- Sente-se no chão e imagine você criança na sua frente (pode ser com a idade que vier na sua mente) 2- Pegue nas mãos da sua criança (o contato físico é muito importante) 3- Olhe para os olhos dela e mostre todo o seu amor e sua ternura 4- Observe a reação dela, como ela está se sentindo com a aproximação que está recebendo de você 5- Pergunte o que ela está sentindo. Em seguida pode ser que você sinta vontade de abraçá-la (quer dizer que ela quer contato físico), pode ser que você sinta que ela quer que você brinque com ela, pode ser que ela só queira você ali por perto porque está se sentindo sozinha, dentre outras inúmeras possibilidades. Se abra para sentir o que é que sua criança está precisando e ofereça isso a ela.
Esse exercício é muito poderoso e vai te ajudar muito a acolher a si mesmo, a dar para você e para sua criança o que talvez tenha faltado lá atrás.
Acolhendo Os Seus Filhos:
Agora se você já tem filhos, é importante você entender o quanto a criança ainda está em um processo de amadurecimento e que é por meio do seu apoio que ela vai se sentir acolhida nos momentos difíceis da vida dela. E para isso você precisará estar atento às suas frustrações, aos seus anseios e a sua necessidade de conexão.
Quando sua criança fica irritada, triste e chora é porque tem um vulcão de emoções dentro dela e que ela ainda não sabe como gerenciar aquilo tudo. Um adulto é que pode ajudá-la a se regular. E como o adulto faz isso? Acolhendo a criança, estando com ela nesse momento, pegando-a no colo caso a criança esteja aberta a isso. O mais importante é manter um estado de presença ali, para a criança saber que ela pode confiar em você, que ela pode ser ela mesma (independente do que ela está sentindo), que você estará lá com ela. A criança não tem um cérebro maduro ainda, por isso, ela precisa que a gente “empreste” a nossa inteligência emocional para ela.
Sei bem que crianças as vezes querem coisas que não são boas pra ela ou que não são seguras e aqui não estou falando de fazer tudo o que a criança quer, estou falando de acolher as emoções dela, independente do que a criança está querendo.
Com o passar dos anos a criança aprenderá a se autorregular e poderá sozinha fazer isso com mais facilidade do que nós mesmos fazemos hoje. Ela irá entender que é natural sentir, que é natural nem sempre estar bem e estará passos além em termos de inteligência emocional do que a nossa geração está hoje.
Gostaria de ressaltar aqui que independente dos desafios que nós e nossos filhos enfrentamos, sejam eles grandes ou pequenos, o mais importante é termos um adulto que nos acolha e nos dê apoio para que as nossas emoções possam ser vivenciadas. Isso fará toda a diferença para que cresçamos nos sentindo amados e seguros.
Desejo do fundo do meu coração que esse meu relato e também que as minhas sugestões te ajudem a estar cada vez mais em paz com quem você é e também um passo além na sua jornada de transformação. E eu como Terapeuta estarei aqui para te apoiar nesse processo.
Se você se identificou com esse texto ou se sente que sua jornada é parecida, saiba que você não está sozinho. Caso deseje conversar diretamente com a autora, a Talita, ou se consultar com ela, esta pode ser uma oportunidade transformadora. A Talita é uma terapeuta com mais de mil atendimentos em 8 países, oferece abordagens personalizadas como Psicoterapia, Constelação Familiar, EFT e Reprogramação de Crenças para ajudá-lo em seu processo de cura.
Para mais informações ou para agendar uma sessão, visite o portal Meu Retiro.
Se você está passando por momentos difíceis e precisa de ajuda imediata, entre em contato com o CVV – Centro de Valorização da Vida pelo número 188 ou acesse www.cvv.org.br para suporte emocional 24 horas por dia, todos os dias.
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