Sumário
Grande parte dos medicamentos modernos têm origem nas plantas, mas engana-se quem pensa que a Medicina da Floresta se resume a isso.
Cada vez mais populares, as medicinas com origem em nossas florestas e nas culturas tradicionais, são uma realidade inclusive nos grandes centros urbanos, com milhares de adeptos de diversas práticas.
Neste artigo introdutório vamos te apresentar os 4 principais tipos de Medicina da Floresta: o rapé, a sananga, o kambô e a ayahuasca.
Essas quatro modalidades são apenas uma parte de um rico universo terapêutico com origem em nossas florestas, universo esse que comporta manifestações tão diversas quanto a medicina do cacau e a utilização do pau de chuva, só para citar mais duas práticas bem conhecidas no universos das terapias integrativas.
Vamos começar nossa viagem pela sabedoria ancestral?
Créditos: Christening | Fonte: Envato Elements
4 tipos de Medicina da Floresta
Cada Medicina da Floresta tem sua função e forma de aplicação específica, normalmente desenvolvida pelos povos originários, e muitas vezes adaptada com o passar do tempo e as influências externas.
Aqui no Brasil temos a floresta amazônica, um dos principais fornecedores de medicina natural do mundo, com milhares de plantas ainda nem mesmo catalogadas, e uma abundância única na variedade e quantidade de plantas curativas, e de cerimônias ancestrais.
Natural que com tamanha matéria-prima disponível, sejamos uma potência em Medicina da Floresta.
Vejamos a seguir os tipos mais conhecidos:
Sananga
O uso medicinal da casca da raiz do arbusto que dá origem à sananga tem suas origens nos povos originários, com função tanto terapêutica, quanto de limpeza espiritual.
Tribos amazônicas como Huni Kuin, Matsés e os Yawanawá usavam a planta para o tratamento de dores e para maior conexão espiritual com a natureza, aproveitando-se ainda do efeito afrodisíaco e do transe produzido por um de seus componentes, a ibogaína.
Usado como um colírio, o líquido é feito a partir das raízes da planta Tabernaemontana Sananh, e tradicionalmente era usado antes de uma caçada, acompanhado de um ritual sagrado conduzido por um xamã, a fim de melhorar a visão do caçador.
A aplicação moderna e urbana da sananga também segue este mesmo processo em forma de colírio, e sua finalidade também é melhorar a visão, mas não somente, sendo usada também para tratar outras enfermidades (inflamações, lesões oculares, etc) e com objetivo espiritual.
Espiritualmente, a sananga pode ser usada em complemento a ayahuasca, ao rapé, ou como um preparatório, equilibrando energias e abrindo o olhar interno da pessoa, o popularmente chamado de terceiro olho.
Créditos: OlgaGubskaya | Fonte: Envato Elements
Rapé
O rapé é uma Medicina da Floresta que consiste em um pó de tabaco moído com outras ervas, raízes e pedaços de árvores, o qual é usado em rituais dos povos originários, com a condução de um xamã, para uma ação holística.
Em rituais tradicionais destes povos, o pó é soprado por uma pessoa e inalado por outra, com intenção terapêutica, tanto para questões respiratórias, quanto para diversos outros males, inclusive do campo energético e espiritual.
Existem diversos tipos de rapé, inclusive muitos deles vendidos e usados nas grandes cidades para diferentes fins. Co0nfira aqui nosso artigo especial sobre o tema, com os benefícios e contra indicações da prática.
Kambô
O kambô é uma prática terapêutica também conhecida popularmente como ‘vacina do sapo’, e tem sua origem e aplicação centrada nas comunidades dos povos originários.
Ela consiste no uso tópico da secreção venenosa liberada pela pele do sapo da espécie Phyllomedusa Bicolor, supostamente para fins medicinais.
Tradicionalmente os indígenas usam o kambô como medicina para fortalecer o sistema imunológico e para afastar a má sorte, e sua aplicação fora do ambiente original não é recomendada por ser uma prática que envolve questões de segurança e legislação.
Ayahuasca
Talvez a mais popular dentre as Medicinas da Floresta, a Ayahuasca é uma bebida milenar feita a partir do cozimento de duas ervas: arbusto-chacrona e cipó jagube. O chá extraído deste cozimento é consumido em rituais religiosos conduzidos pelos mestres dos povos originários da América do Sul.
A função do chá de ayahuasca para estes povos é curativa, e suas propriedades alucinógenas promovem o autoconhecimento e revelações.
O consumo da ayahuasca é legal no Brasil, mesmo fora do ambiente originário, autorizado pelo Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (CONAD), o que explica sua popularização crescente em retiros e demais eventos voltados ao autoconhecimento.
Mais sobre a Medicina da Floresta
Como falamos no início do texto, a Medicina da Floresta é um tema gigantesco, e que continua sendo estudado e discutido.
Para contribuir neste introdutório sobre o tema, trazemos abaixo um vídeo do Dr. Juan Revilla, doutor em botânica pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
Em sua apresentação no TedxTalks, o doutor fala sobre sua jornada, a importância dos nossos recursos naturais e da popularização da Medicina da Floresta.
Confira a seguir:
Comentários