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Já parou para pensar que muitos dos problemas que carregamos não tem origem em nós mesmos? Que muitas de nossas decisões nascem não apenas em nosso querer, mas de influências próximas? Que nossas disfunções estão relacionadas a eventos dolorosos do passado de nossa família?
A família é o plano de como somos formados e, embora também tenhamos livre-arbítrio e individualidade, ela influencia em quem somos.
Estas ideias e muitas outras vem do psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, o responsável pela Constelação Familiar, prática empírica que vem ajudando muitas pessoas a superar problemas, doenças, sentimentos ruins, e até mesmo traumas bem sérios, como vemos neste recente depoimento de Rodrigo Rodrigo Nogueira, 41 anos, que relata ao UOL sobre como foi o processo para lidar com abusos sexuais durante a infância.
Nunca ouviu falar? Então siga conosco neste artigo que a revista Meu Retiro vai te explicar sobre mais esta forma de autoconhecimento.
O que é Constelação Familiar?
A Constelação Familiar, também conhecida como Constelações Sistêmicas, é um método psicoterapêutico cuja função é estudar padrões de comportamento de gerações de grupos familiares.
É um processo experiencial, baseado no que se sente, e que tem relação com os impulsos que podem ter sido herdados de sua família.
A coisa funciona assim: embora recebamos muitas coisas boas de nossas famílias, também somos vulneráveis a carregar fardos, emoções, crenças e traumas que inibem nosso potencial de tirar o máximo de nós mesmos e de nossos relacionamentos.
Uma sessão, que normalmente dura cerca de uma hora tem essa função: de revelar essa dinâmica e apontar saídas, acabando com o vínculo ruim e melhorando o paciente como um todo.
A Constelação Familiar pode ser considerada um processo terapêutico, assim como também pode ser um complemento ao aconselhamento, à psicoterapia, ao coaching, ou um processo de desenvolvimento pessoal.
Como funciona uma sessão de Constelação Familiar?
Em uma sessão de Constelação Familiar, você se senta em um círculo com seu terapeuta e um grupo de pessoas anônimas, onde cada um representa um membro da sua família escolhidos por você.
Tudo o que é feito e falado no círculo sagrado é seguro e confidencial, então, não se preocupe. Essa é a hora de botar tudo pra fora.
Os indivíduos se revezam para examinar o problema exposto pelo paciente, cada um exercendo seu papel pré-definido no começo da sessão. Ou seja, cada anônimo representando um familiar, criando uma cena baseada no problema exposto. Essa dinâmica lembra o psicodrama, por fazer a dramatização das situações propostas.
Conforme a sessão ocorre, os representantes começam a experimentar sensações físicas, emoções ou impulsos pertencentes não a eles próprios, mas aos membros da família que representam.
Quando o indivíduo representa um familiar, ele acaba por reproduzir comportamentos físicos e emocionais daquela pessoa mesmo de forma involuntária.
É como se tivessem se tornado receptores de uma “alma familiar” que está presente na sala.
O profissional terapeuta analisa as relações interpessoais de seu paciente com a família e demais pessoas a partir do que eles chamam de “Ordens Do Amor”, leis estas que segundo Bert Hellinger influenciam uma pessoa e todo seu sistema familiar. São elas: a Lei do Pertencimento, da Hierarquia e do Equilíbrio. Leia detalhadamente sobre cada uma delas aqui.
Ao cumprir estas leis, o indivíduo experimenta uma vida plena e harmônica, mas caso alguma delas não seja cumprida, há chances de surgirem os problemas de ordem física, emocional e espiritual.
Através de perguntas, observações, declarações e reposicionamento físico, o terapeuta e o paciente passam a ver as situações de uma nova maneira e criam soluções que permitem a quebra de sua ligação com o ancestral que promove sua dificuldade, encerrando assim o processo.
Caso você prefira uma sessão privada, somente com a presença do terapeuta, ela também é possível de ser feita, mas na falta dos indivíduos para representarem a família, podem ser usados bonecos/manequins, ou mesmo a imaginação para os visualizar através de objetos diversos.
Esta técnica com os bonecos e objetos lembra bastante a de esculturas familiares, desenvolvida pela psicóloga norte-americana Virginia Satir.
Assista ao vídeo abaixo para saber como funciona a dinâmica em grupo dessa terapia no canal do Mario Koziner no Youtube (Lembrando que a sessão é 100% confidente):
Constelação Familiar é indicada para quem?
Esse processo é indicado para quem está absolutamente pronto para mudar as questões que parecem ser de natureza sistêmica.
A ideia da Constelação Familiar é ajudar em sua jornada interior de auto-descoberta e no processo de livrar-se amarras que te impedem de crescer e atingir a plenitude.
As Constelações Familiares Sistêmicas podem ajudar a seguir para um lugar melhor dentro de você, ou seja, melhor e maior consciência, crescimento e autenticidade.
Para seguirmos com segurança e com todo nosso potencial, é preciso resolver nossas dúvidas, medo e conflitos internos. Alinhar nossa mente para melhorar nossa autoestima, nossos pensamentos, relações e comportamentos.
Onde a Constelação Familiar opera em nossa vida
As Constelações Familiares funcionam e ativam mudanças em vários níveis simultaneamente.
- Intelectualmente – muitas vezes, o que as pessoas pensam ser o problema acaba por ser outra coisa;
- Fisicamente – os problemas podem ser sentidos fisicamente ou somaticamente pelos representantes da constelação;
- Emocionalmente – os problemas podem ser sentidos emocionalmente por meio dos representantes da constelação;
- Alma – Alguns afirmam que há um movimento da alma;
- Visual – Os aspectos visuais dos movimentos e mudanças podem ser apreciados;
- Inconsciente – padrões normalmente invisíveis podem ser vistos e sentidos.
- Corporal – Os representantes e o paciente podem experimentar sensações e mudanças corporais.
- Pessoal – o espírito pode encontrar um alinhamento, ou um novo lugar com a família, ou mesmo espírito ancestral.
- Consciência Sistêmica – que atravessa gerações.
A Constelação Familiar ainda não é reconhecida pelo Conselho Federal de Psicologia, nem pelo Conselho Federal de Medicina, mas dese 2018 já faz parte do Programa Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) do SUS.
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