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Natal: conheça essa história

Publicado em: dezembro 24, 2021 | Por: Meu Retiro

Sumário

Sempre que chegamos nesta época do ano, aparecem textos nas redes sociais que discutem qual o verdadeiro significado do natal.

Se para os cristãos a data representa o nascimento de Jesus Cristo, para as crianças é o dia da chegada do Papai Noel. Para alguns é uma data de celebração à vida e a família, e para outros tantos, apenas o solstício de inverno.

Na verdade, não importa em qual destes perfis você se encaixa, pois, todos eles estão corretos em algum momento.

Independente de qual versão do natal você comemora, o fato é que esta é uma data importante para o mundo todo  – mundo todo mesmo, não somente no ocidente, já que no oriente, que não é de maioria cristã, eles enxergam o natal como uma data romântica onde se celebra o amor. Ou seja, ainda assim, uma data de comemoração.

Mas, por que o Natal é comemorado no dia 25 de dezembro? A coisa é mais ou menos assim…

A Origem do Natal

As origens do natal remontam a algo em torno de 7 mil anos antes de Cristo, era das festas e celebrações pagãs.

Em Roma, nesta mesma época do ano acontecia a festa saturnália, – um festival em homenagem ao deus Saturno, o deus da agricultura, que se estendia do dia 17 até 25 de dezembro.

Nesse mesmo período teria nascido o deus persa Mitra, assim como no dia 25 também era celebrado o Sol Invictus – um ritual pagão que celebrava a divindade do Sol e o solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, e o início do período onde o sol ficava mais tempo no céu, simbolizando o ‘renascimento’ da luz.

Com a popularização do cristianismo, no século IV havia um movimento de ressignificação das festas pagãs para se tornarem festas cristãs, até que no ano 350 d.C., o Papa Júlio I estabeleceu a data de 25 de dezembro como sendo a data de nascimento de Jesus Cristo.

Segundo a própria bíblia, Jesus não teria nascido realmente no mês de dezembro, já que está registrado nas escrituras o fato que no momento de seu nascimento, pastores cuidavam de seus rebanhos em vigílias noturnas, o que nos faz compreender que não era época de inverno (dezembro).

Há muita discussão, inclusive entre astrônomos e historiadores, sobre a data de nascimento de Jesus. Não apenas o dia, mas também o mês e até mesmo o ano, já que não existem documentos que dão uma resposta final sobre isso.

Ah sim, e de onde vem a palavra natal? Como é de se imaginar, vem do latim “natalis” que, por sua vez, é derivada do verbo nascer (nāscor) – o novo motivo da celebração da data.

E Como Surgiu o Papai Noel?

Muitos dos elementos que compõem o Natal como o conhecemos hoje, também passaram por esse processo de cristianização, bem como um processo de adaptação, e até mesmo de comercialização.

O ato de trocar presentes, por exemplo, já existia na saturnália, mas foi atribuída a essa troca a história bíblica dos três reis magos, que presentearam o menino Jesus em seu nascimento com ouro, mirra e incenso.

Outro que tem influência nessa tradição é o bispo Nicolau, arcebispo de Mira (atual Turquia) que viveu entre os séculos III e IV d.C e foi posteriormente canonizado, se tornando São Nicolau pela igreja católica. 

Nicolau ficou conhecido por ser milagroso, e por estar sempre ofertando donativos e compartilhando com os mais necessitados, deixando, por exemplo, um saco com moedas de ouro na chaminé das casas de forma anônima. Isso te lembra algo?

Mas a participação de São Nicolau na história não para por aí. Sua festa, que acontecia dia 6 de dezembro, onde presentes eram trocados, foi remanejada para o famoso dia 25 de dezembro.

Com a chegada de imigrantes holandeses na América do Norte no século XIX – mais precisamente na cidade de Nova Amsterdã, atual Nova Iorque – a figura associada a São Nicolau era chamada de Sinterklaas – o que originou o nome Santa Claus, o ‘Papai Noel’ em inglês.

Assim, de origem holandesa, nasce a figura do Papai Noel na América, que segue agregando outras referências, como nos textos de Clement Clarke Moore, e na imagem criada pelo cartunista Thomas Nast, a qual foi difundida em todo o mundo, com um visual próximo do Papai Noel que conhecemos hoje.

Essa imagem aqui:

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Crédito: Thomas Nast | Fonte: Revista Harper’s Weeklys, em 1881

O ‘bom velhinho’ como o conhecemos hoje surge pra valer durante as décadas de 1920 e 1930, em uma campanha de marketing da Coca-Cola, a qual definiu de vez a aparência do nosso Papai Noel. 

Sim, a Coca-Cola, ou você ainda tem dúvida do porque a roupa do papai noel é vermelha?

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Crédito: Coca-Cola | Fonte: Coca-Cola

E os Outros Símbolos do Natal?

A maioria deles também passou pelo mesmo processo, sendo ressignificados e ganhando novas leituras com o passar do tempo e no contato com diferentes culturas.

A árvore-de-natal, por exemplo, é a representação de um pinheiro enfeitado, pois este tipo e árvore é um dos únicos que mantém suas folhas mesmo no inverno – alguém ai lembrou do solstício? – e representa a esperança e a vida.

Já o costume de colocar os presentes aos pés da árvore, esse vem do palácio da Rainha Elizabeth I, quando seus súditos deixavam os presentes que queriam ofertar-lhe, embaixo de uma árvore no jardim do castelo.

Vem da Inglaterra também o costume do envio de cartões de natal.

Em 1843, o diretor do British Museum de Londres, Henry Cole, por não ter tempo de escrever cartas felicitando os amigos pelas boas festas, encomendou com o amigo John Calcott Horsley que fizesse um desenho com os votos “Um Feliz Natal e um ótimo Ano Novo para você”.

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Crédito: John Callcott Horsley | Fonte: John Callcott Horsley

Com o desenho em mãos, John replicou 100 cópias e distribuiu aos amigos e familiares, iniciando uma tradição que mesmo em tempos digitais, muitos ainda mantém.

Como percebemos, a história do natal é recheada de ressignificações e adaptações, por isso não cabe discutir qual sua verdadeira história ou significado, mas sim cabe a nós também fazermos nossa interpretação da data, dentro de nossos valores e expectativas, e a aproveitarmos da melhor forma possível.

O natal é uma data especial, e tal qual ela foi tantas vezes ressignificada, talvez ela possa nos inspirar a fazermos o mesmo, ressignificarmos alguns de nossos sentimentos e pensamentos também.

É nossa chance de transformar nossa raiva em energia positiva, buscar uma maior compaixão – conosco e com o próximo, abandonar culpas  e cultivar um olhar amoroso e atitudes positivas em nosso meio e ao redor.

Será que é isso que chamam de espírito natalino afinal? Aproveite!

Pra enriquecer nossa discussão, confira um pouco mais sobre o significado do natal, neste papo do professor e filosofo Mario Sergio Cortella no Jornal da Gazeta.

E como desejou Henry Cole, um feliz natal e próspero ano novo para você!

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