4×100 – Correndo Por Um Sonho (resenha)

Sou um dos maiores fãs do cinema brasileiro e devo muito dessa paixão a minha professora Sheila Schvarzman, mestra em conhecimento do cinema nacional. Durante anos, os nossos filmes foram referências mundial, levando um movimento conhecido como Cinema Novo. No dia 19 de junho, foi comemorado o dia do cinema brasileiro e com a chegada das Olimpíadas, nada melhor do que trazer para a nossa resenha de autoconhecimento semanal, um filme nacional.

4×100 – Correndo Por Um Sonho, conta uma história que se passa nas Olimpíadas de 2016, numa derrota na final olímpica do revezamento 4×100, marca para sempre a vida de uma equipe de atletas brasileiros. Três anos depois, Maria Lúcia, a responsável pela eliminação, segue brilhando no atletismo e na mídia, enquanto Adriana, que trabalhou duro na competição, vive frustrada de pequenas lutas de MMA. Em 2020, elas têm uma nova chance de reescrever essa história nas Olimpíadas de Tóquio.

Em uma entrevista, Priscila Steinman cita uma frase de Raul Seixas:

“Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só. E sonho que se sonha junto, é realidade.” 

Estamos em um plano onde processos são individuais, nesse aspecto, não precisaríamos de outras pessoas para nos ajudar em nossa evolução. Correto? Acredito que não é bem assim, me parece mais que evolução está no todo e não na pessoa em si. Se surgiu essa indagação na sua cabeça, te convido a embarcar na história desse filme e na reflexão dessa resenha.

A história do filme 4×100 – Correndo Por Um Sonho, pode ser uma ficção, mas o tema central do filme fala muito do que todos nós precisamos; um do outro. A vida vai nos levando para um individualismo por causa das experiências que vamos tendo, muitas dessas, só conseguimos olhar o lado da dor que aquilo nos causou, vamos criando cascas para nos proteger de futuras situações similares, fazendo com que vivamos um “looping” eterno por termos concentrado nossas energias na dor, ao invés de ser nos ensinamento.

Créditos: Globo Filmes e Gullane | Fonte: Imovision

Viveremos novas experiências a todo instante em nossas vidas e nem sempre as lições serão agradáveis. Quando estava na 4º série do ensino fundamental, era péssimo em matemática e em todas as aulas dessa matéria a professora fazia uma chamada oral da tabuada de multiplicação. Todas as vezes, errava, e ficava impedido de sair para o intervalo, então chegou um dia que decidi não aceitar mais aquilo para mim. Passei o final de semana todo estudando e na segunda, já sabia a tabuada decorada na cabeça.

Quando chegou o dia da aula de matemática, estava preparado. A professora me chamou, e quando ela me fez a última pergunta, ela disse que estava errada. Eu sabia que tinha falado o número certo, que depois foi confirmado por ela, mesmo assim, ela disse que a minha resposta tinha sido outra e estava errada, mais uma vez, fiquei sem intervalo.

Naquele dia, o meu dia ficou mais triste, porque sabia que tinha acertado.

Não importa se alguém está acreditando ou não na sua mudança. O que realmente importa, é que você esteja bem, em seu caminho de bem-estar, autoconhecimento e evolução. – O que as pessoas vão pensar? – Tenha certeza, esse será o menor dos seus ensinamentos. Naquele dia, lá na escola, percebi que não importava o quão me esforçasse, sabia o que tinha que fazer para mim, para o meu conhecimento e não para mostrar aos outros.

Créditos: Globo Filme e Gullane | Fonte: Imovision

No filme 4×100, assim como na minha vida, Maria Lucia (Fernanda de Freitas) tenta mostrar que mudou e por mais que ela tente, Adriana (Thalita Carauta) não acredita nessa mudança. Durante o filme, vemos a necessidade que temos do outro na nossa evolução e não vejo isso como algo negativo. Inconscientemente, aquelas pessoas que estariam nos ‘prejudicando’, de certa forma, elas estão sendo instrumentos para o nosso crescimento e autoconhecimento.

Tenho vários amigos que trabalham no emprego dos sonhos, mas é o sonho dos outros. Vivem uma vida para o dinheiro, para a família, para os amigos, para a sociedade e não para eles. Já falei nesse espaço das resenhas, o quão importante é viver o momento, a atenção plena de estar realmente presente no momento em que se vive, e o quão seria mais leve se fosse naquilo em que você sentisse prazer.

Os atletas brasileiros são a maior prova de resiliência que se pode ter. A atenção plena do momento, não é só no dia da competição, mas também nos treinos do dia a dia, onde a infraestrutura muitas delas, não são as melhores e as oportunidades não são iguais para todos.  Percebemos que eles fazem por amor, por prazer de estar naquele lugar, naquele momento, e mesmo sabendo que não é uma área bem remunerada (com exceção do futebol aqui no Brasil), eles estão vivendo as experiências.

O budismo fala que a vida é repleta de sofrimento, tenha a consciência de estar no lugar ‘certo’, aquele que você vai estar bem consigo mesmo, cercado de pessoas que te amam, independente do que você é. Valorize as amizades, a família e não desperdice o seu tempo com situações que não valem a pena serem sustentadas, o tempo, esse sim é precioso; ele pode acabar a qualquer momento.

Não desperdice o que você tem de mais precioso por causa de ego, o seu tempo é limitado; permita-se.

Créditos: Globo Filme e Gullane | Fonte: Imovision

Quando assisti ao filme 4×100 – Correndo Por Um Sonho, percebi como bobagens podem levar uma amizade embora. O ego é da natureza humana, mas não deixe que ele fale mais do que seu coração: perdoe mais, ame mais, viva mais. Às vezes, fazemos questão que pessoas maravilhosas saiam de nossas vidas, simplesmente por deixarmos que o ego tome o controle da situação e só percebemos o que aconteceu, quando se foi; acabou.

A trama central do filme gira em torno de uma amizade desfeita pelo simples fato de uma das atletas do 4×100, não estar bem consigo mesma no dia da prova e mesmo sabendo disso, ela tenta realizar a corrida, mas não consegue. Anos mais tarde, essas amigas se reencontram, mas agora em papéis invertidos. Não queira que o universo te mostre o que uma pessoa estava passando por incompreensão da sua parte, tente analisar a situação, o que motivou aquilo; as pessoas não tiveram a mesma criação e nem as mesmas experiências que a sua, seja mais compreensivo. 

Não faça de um copo d’água, um mar agitado em sua vida. 

Créditos: Globo Filme e Gullane| Fonte: Imovision

Estamos passando por um momento onde as pessoas estão precisando de ajuda, precisando uma das outras. O mundo está em um processo de transformação e a pandemia mudou muito nosso modo de vida e das nossas relações interpessoais. Ajudar não é somente financeiramente, você pode chamar alguém para conversar, emprestar seu ouvido para um amigo que está passando por um momento delicado, oferecer uma roupa para quem está com frio, vibrar positivamente para alguém que está desempregado. 

Nós temos o poder de transformar o mundo!

Agora você consegue perceber como estamos todos interligados e vivendo as mesmas experiências em momentos e situações diferentes? Quando estiver passando por um momento delicado na sua vida, tente parar e perceber o que o universo está tentando te ensinar naquele momento. Os processo não se resumem em dor, mas em aprendizados.  

Créditos: Globo Filme e Gullane | Fonte: Imovision

Se você ainda não assistiu esse filme que fala de superação, sonho, amizade e de que todos estamos interligados e precisamos um do outro para uma evolução, fica aqui a minha indicação. O filme 4×100 – Correndo por um Sonho, está disponível nos cinemas, mas em breve estará em várias plataformas.

Um grande abraço e até a nossa próxima resenha

Assista ao trailer do filme 4×100 – Correndo Por Um Sonho: