Filme: Crip Camp: Revolução Pela Inclusão
Gênero: Documentário
Produção: James Lebrecht, Nicole Newnham, Sara Bolder
Direção: James Lebrecht, Nicole Newham
Sumário
Estamos em 2021 e a pauta por inclusão ainda é o centro das atenções e dessa vez ela está no Oscar. O documentário Crip Camp: Revolução pela Inclusão, concorreu ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas como melhor documentário Oscar 2021, e, que infelizmente não levou a estatueta. Mas o que é inclusão? Essas e outras questões levantadas no documentário nos leva a uma grande reflexão que perdura por anos.
O acampamento conhecido como “Camp Jened” ficava no estado de Nova York, e nasceu com o intuito de ser um acampamento de verão para pessoas com deficiência, ele foi fundado em 1951 e encerrou suas atividades em 1977, deixando um legado para a história. Nesse acampamento surge um grupo formado pelos próprios integrantes do acampamento, monitores e Judith Heumann que encabeça uma revolução junto com pessoas que seriam consideradas “incapazes”.
Em uma resenha anterior, falei sobre as camadas que um filme possui, e no documentário Crip Camp não é diferente, então vou trazer uma dessas camadas para podermos entender uma das mensagens deste filme. Durante todo o documentário, por mais que existam as dificuldades devido a falta de acessibilidade, existe uma felicidade que acontece dentro e fora do acampamento. E por que eles se sentem tão bem quando estão reunidos mesmo com as adversidades?
Recentemente fui realizar mais uma gravação do Portal Meu Retiro no interior de São Paulo e quando estávamos fazendo as imagens externas do local, encontrei uma área com uma mesa que continha o seguinte dizer: “Almoço em grupo”, quando chegou a hora da refeição, aos poucos, os lugares foram ocupados e fiquei ao longe observando como aquelas pessoas interagiam e, percebi como eles ficavam a vontade naquele ambiente, pessoas que provavelmente não eram amigos de infância e que já tinham uma conexão de pensamentos e ideias similares.
Existem momentos de nossas vidas que alguns amigos se distanciam e outros chegam, por incrível que pareça, esses novos amigos pensam e agem muito com as nossas novas atitudes. Você já deve ter se perguntado – por que temos amigos que se distanciam? – Por mais que tentemos manter contato, a amizade não se sustenta. Essas coisas acontecem frequentemente e como um trocadilho, elas acontecem quando mudamos de frequência.
Essa frequência aqui mencionada, está relacionada com as mudanças no estilo de vida, hábitos e pensamentos. Quando chegamos em um determinado momento de nossas vidas que mudamos nossa trajetória, tendemos a mudar tudo a nossa volta e muitas vezes elas acontecem inconscientemente, então é quando nossos amigos, familiares ou até mesmo um casamento podem levar a um distanciamento.
Para você ter uma visualização do que estou falando, quero que imagine um casal que amam ouvir uma determinada estação de rádio, e, aqui, vamos colocar essa estação como a “rádio A”, mas depois de um tempo um dos dois muda de ideia e agora um deles prefere o conteúdo da “rádio B”. – O que você acredita que irá acontecer? – Provavelmente alguém continuará ouvindo a “rádio A” e a outra pessoa irá procurar alguém que esteja ouvindo a “rádio B” ou então irá ouvir sozinha, em outro lugar.
Quando temos uma mudança de trajetória e esse novo caminho que geralmente chamamos de ciclos, surgem, percebemos como as pessoas que amamos se distanciam e outras chegam. É preciso compreender que cada um tem sua trajetória e por mais que amemos essas pessoas, não podemos deixar de seguir com a nossa evolução. Vale ressaltar, que a vida não é um campeonato para pensarmos quem está mais ou menos evoluído, mas que cada um está onde precisa estar com seus ensinamentos e lições.
As mudanças de frequência não estão só relacionadas com positividade, temos o livre arbítrio para escolher nosso caminho e será você quem decidirá se será adiado ou não o seu processo de evolução. Agora que você já sabe que, ao passo que mudamos nossa frequência, e, que inconscientemente pessoas se distanciam ou se aproximam, leve isso como parte de um processo individual e de que não há nada de errado nesse acontecimento, simplesmente você chegou no seu novo acampamento.
O documentário Crip Camp, está na Netflix e possui uma série de imagens de arquivo daquele que foi o último ano do acampamento e do que sucedeu depois do seu fechamento; uma sequência de planos com pessoas felizes por estarem juntas e se sentirem pertencentes de um todo. – Quantas vezes você já se sentiu como um peixe fora d’água? – Essa pergunta pode parecer clichê, mas é repleta de sentido para nossas vidas quando mudamos de frequência e continuamos com pessoas que não pensam ou agem mais como a gente.
Você pode estar passando por uma situação muito parecida, onde a sua frequência mudou e hoje você busca pessoas que estejam na mesma que a sua. Não se sinta “culpado” por uma amizade ou por relacionamento que se distanciou, a impermanência, ela é constante e nos cerca a todo momento, mas para falar de impermanência, escolherei outro filme para discorrer sobre o assunto brevemente. Agora você consegue entender o por que daquele acampamento ser tão importante para aquelas pessoas?
Inclusão é isso, é se sentir pertencente de um lugar, grupo e o mais importante, de você mesmo, se a sua frequência mudou, não se preocupe, logo você encontrará um grupo que estará na mesma que a sua, mas antes de qualquer coisa, você precisará entender que está tudo bem e que as mudanças elas sempre acontecerão.
Espero que gostem do documentário Crip Camp: Revolução Pela Inclusão e que possam refletir sobre a mudança de frequência e inclusão. E se você tem interesse em saber como funciona um acampamento para pessoas com deficiência, essa é uma grande oportunidade de conferir esse documentário.
Caso você conheça algum retiro que está na mesma frequência que a sua, nos indique.
Assista ao trailer oficial Crip Camp:
Um grande abraço e bom filme!
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