Filme: Sempre Em Frente
Gênero: Drama
Produção: Chelsea Barnard | Lila Yacoub | Andrea Longacre-White
Direção: Mike Mills
Sumário
O primeiro trabalho de Joaquin Phoenix após o gigantesco sucesso de “Coringa“, é uma ruptura. “Sempre em Frente” (“C’mon C’Mon”, no original) é um filme sensível, emocionante em muitos momentos e com uma mensagem quase antagônica ao trabalho anterior do ator.
Se em “Coringa”, o personagem de Joaquin se encontra totalmente imerso na inadequação social, falta de empatia e na insensibilidade, aqui ele mostra justamente como a sensibilidade e a empatia são o caminho para a adequação dentro das relações humanas.
Com uma belíssima fotografia em preto e branco, o longa escrito e dirigido por Mike Mills, conta uma história simples, mas com uma porção de elementos significantes, falas pontuais e aqueles pontos de reflexão que fazem a gente trazer esta obra aqui para nossas resenhas como promotora do autoconhecimento.
Qual a história de “Sempre em Frente”
Johnny (Joaquin Phoenix) é um radialista, apresentador de um programa documental, que viaja pelo país perguntando às crianças sobre seu futuro. Quando não está viajando pelo país a trabalho, Johnny mora em seu apartamento em Manhattan, longe de sua irmã Viv (Gaby Hoffman), com quem tem uma relação difícil desde que passaram juntos pela doença da mãe.
Viv tenta criar sozinha seu filho de 9 anos, Jessie (Woody Norman), já que seu pai é um paciente frequente do sanatório. Durante uma visita de Johnny, Viv viaja para ajudar o ex-marido durante uma de suas crises, deixando seu filho sob os cuidados do tio.
A relação entre Johnny e Jesse é magnética, e a narrativa se desenrola mostrando os altos e baixos desta conexão tão intensa: o desenvolvimento do sentimento entre eles, as diferenças de como adultos e crianças observam o mundo e o processo de autoconhecimento e amadurecimento que ambos passam no período em que estão juntos.
Veja a seguir o trailer do filme:
Quais as mensagens de “Sempre em Frente”
“Sempre em Frente” mostra como a visão de mundo e das relações difere entre os protagonistas e como através da empatia e da sensibilidade, isso pode mudar e aproximar o que parece ser quase antagônico.
O filme toca em pontos sobre honestidade, pré-julgamento, despreparo no lidar e compreensão, só pra citar alguns. E como tudo isso e muito mais, são ingredientes para uma jornada de autoconhecimento e aceitação.
Por exemplo, a primeira coisa que nos leva à reflexão no longa, são as declarações dadas pelas outras crianças do filme para o personagem Johnny.
As entrevistas são todas realmente documentais, feitas com crianças não-atores de forma espontânea, sem texto prévio, revelando os verdadeiros pensamentos e opiniões do jovem acerca de diversos temas, acrescentando muito à autenticidade da mensagem do filme.
Através dessas declarações conseguimos enxergar as coisas com o olhar mais leve e sensível do jovem, fomentando uma primeira reflexão: Por que nem sempre damos valor à sabedoria infantil? Por que subestimamos a pureza das opiniões e ideias?
Nas falas das crianças, temos um conteúdo tão rico quanto contundente. Uma das crianças depoentes, por exemplo, comenta sobre a ordem recebida dos pais de não chorar nunca.
Essa regra lhe foi colocada pelo fato dos pais dizerem que ele é uma criança forte e que, por isso, não deveria entregar-se ao choro.
Vendo depoimentos assim, é impossível não se questionar: quantas de nossas crenças limitantes surgiram da nossa relação quando jovem com os adultos? Ou, que tipo de adulto esta criança será e como ele irá administrar seus sentimentos?
Este é apenas um exemplo do material documental que permeia todo o longa. preenche seus créditos e fomenta muita reflexão.
Já as perguntas do personagem Jessie para Johnny estas sim roteirizadas, revelam através da pureza infantil questões quase desconcertantes e que também estimulam nosso pensamento crítico acerca de nós mesmos e nosso comportamento.
Jessie tem questionamentos para Johnny, daqueles que a maioria das pessoas não tem coragem de fazer, principalmente por se tratarem de temas delicados e subjetivos, como sobre sua própria felicidade, ou o que seria considerado ‘o normal’.
Essas perguntas fazem o personagem de Johnny repensar suas atitudes, sua vida, questionar seus valores e obviamente, se conhecer melhor no final do processo. Apesar de serem perguntas incendiárias, suas intenções são claramente compassivas.
Ainda durantes esses questionamentos, fica claro o quanto Johnny é surpreendido pela inteligência e perspicácia de Jessie, nos lembrando o quanto subestimamos o ponto de vista dos mais novos e pouco nos colocamos em seu lugar.
Através destes embates, os personagens, ambos falhos e, a seu modo, mimados e imaturos, crescem e maturam durante o enredo, protagonizando uma linda jornada de autoconhecimento.
A empatia é uma construção constante no processo de amadurecimento dessa relação e desses indivíduos. Ela faz com que a postura de ambos mude, tanto de um perante o outro, quanto de sua autoimagem, fazendo-lhes reconhecer seus erros e levando-os a pedidos de desculpas.
“Sempre em Frente” faz questão de deixar clara a transformação de seus personagens e essa é talvez sua principal mensagem.
O quanto podemos mudar, evoluir, aprender com o outro, mesmo que ele seja alguém tão mais jovem e diferente. Como fazer isso? Praticando a escuta, a empatia, abrindo-se ao novo, expressando seus sentimentos e tantas outras atitudes amorosas e sensíveis retratadas no filme.
Belo e inspirador, “Sempre Em Frente” é uma master class sobre relacionamentos humanos e autoconhecimento.
Onde assistir “Sempre em Frente”
Atualmente “Sempre em Frente” não está disponível em plataformas brasileiras, mas em breve deverá estar acessível ao público.
Enquanto isso não acontece, confira mais um trailer do filme abaixo, só pra aumentar as expectativas:
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