Sumário
Hoje convidamos você que nos acompanha a começar essa leitura fazendo uma reflexão sobre Autocompaixão.
Sabemos que ter compaixão significa possuir um profundo sentimento de compreensão e simpatia por outra pessoa em sofrimento, o que também nos motiva a buscar aliviá-la dessa dor.
Também já falamos aqui na revista sobre alguns benefícios da Compaixão e o quanto ela é importante para nosso bem-estar.
Mas por que conseguimos ter compaixão com outros, mas achamos tão difícil mostrar o mesmo senso de bondade e perdão para conosco, especialmente quando cometemos um erro?
Já reparou como somos severos quando olhamos pra nós mesmos? Podemos ser nossos piores inimigos e podemos nos criticar muito mais do que os outros fariam.
A Autocompaixão é a atitude de ser afetuoso, gentil e compreensivo consigo mesmo, não importando suas ações, pensamentos, sentimentos ou reações.
E a ausência deste sentimento nos leva ao autojulgamento e por consequência ao sofrimento, a ansiedade, ao estresse e uma autocrítica exagerada.
A importância da Autocompaixão ganhou muito impulso nos últimos anos, tema de estudos e teorias, por isso vamos falar um pouco sobre sua ação em nossas vidas.
Qual a importância da Autocompaixão?
A Autocompaixão desempenhou um papel central em muitas práticas religiosas e espirituais por milhares de anos e agora está se tornando cada vez mais importante em muitos modelos de terapia e aconselhamento.
Isso porque estamos experimentando muito autojulgamento e autocrítica, com pensamentos realmente dolorosos sobre nossas falhas, ou sobre não sermos bons o suficiente.
Os benefícios da Autocompaixão são apontados em pesquisas em diversas questões clínicas, desde o combate à depressão e transtornos de ansiedade até luto, raiva, traumas e vícios.
A Autocompaixão também está associada a uma maior resiliência emocional; a capacidade de se recuperar da adversidade.
Portanto, ser compassivo consigo mesmo nos leva a uma melhor saúde mental e um bem-estar mais pleno, com consciência de nossos processos internos.
É reconhecer e responder às experiências negativas de forma gentil e cuidadosa, tal qual fazemos com outras pessoas na mesma situação.
A Autocompaixão facilita a força psicológica em tempos difíceis, preparando-nos melhor para os desafios futuros.
Um degrau importantíssimo na escada do autoconhecimento e do autocuidado.
Como construir e exercitar nossa Autocompaixão?
A Autocompaixão é algo que tem de fazer parte de nosso cotidiano, e o primeiro passo é compreender se estamos nos cuidando como deveríamos.
Como você se cuida fisicamente? Como você cuida de sua mente, especialmente quando está sob estresse?
Como você se cuida emocionalmente? Como ou quando você se relaciona com outras pessoas que trazem felicidade genuína?
O que você faz para cuidar de si mesmo espiritualmente? Você tem negligenciado seu lado espiritual?
Com as respostas desta reflexão em mãos, fica fácil compreender a necessidade de construir nossa Autocompaixão para uma jornada plena de bem-estar.
Para essa construção temos que atentar para três elementos básicos: a atenção plena, a benevolência e a humanidade comum.
Já falamos sobre isso em nosso artigo com dicas para lidar com a Baixa Autoestima, porém, lá enumeramos as etapas da seguinte forma:
- Reconheça e observe o seu sofrimento.
- Seja gentil e atencioso em resposta ao seu sofrimento.
- Lembre-se de que a imperfeição faz parte da experiência humana e é algo que todos compartilhamos.
Perceba, são os mesmos passos, mas descritos de forma diferente.
Embora cada elemento possa ser praticado individualmente, a Autocompaixão inclui uma combinação dos três.
Vamos nos aprofundar em cada um deles:
Atenção plena
A atenção plena, ou Mindfulness, é um estado de mente receptivo onde observamos pensamentos e sentimentos como eles são, sem suprimi-los ou negá-los.
Esse estado nos ajuda a nos tornarmos conscientes de nossas emoções negativas e a mantê-las em uma perspectiva equilibrada.
Reconhecer a dor física, emocional ou mental daquele momento é um primeiro passo para nossa Autocompaixão.
Saber com o que estamos lidando realmente nos leva a um tratamento adequado e uma recuperação mais rápida.
Aqui mesmo na revista temos um artigo que fala mais sobre o que é Mindfulness e o como praticar.
Humanidade comum
Tendemos a nos sentirmos sozinhos durante experiências ou emoções desafiadoras.
Nesses momentos, nos perguntamos, “por que eu?” ou “o que há de errado comigo?”, mas essas perguntas só nos fazem mal e não tem nem uma resposta adequada.
Reconhecer sua humanidade comum significa lembrar que essas experiências são normais e fazem parte do ser humano.
A partir disso, devemos aceitar e nos perdoar por nossas falhas – não somos perfeitos, e mostramos Autocompaixão quando entendemos que temos limitações.
Outra parte da humanidade comum é perceber que não estamos sozinhos sendo imperfeitos ou nos sentindo magoados.
Embora pareça que só você está sofrendo com aquilo, ou só você errou naquele ponto, é mentira.
Cada pessoa sofre ou tem sua própria “cruz para carregar”, por assim dizer. O sofrimento e a dor fazem parte da experiência humana.
Reconhecer sua humanidade comum te ajuda a se conectar com os outros, acessar a profundidade de suas emoções e desenvolver Autocompaixão.
Benevolência
Quando consideramos nossas próprias necessidades, estamos sendo gentis conosco.
A benevolência pode assumir várias formas. Descansar, pedir ajuda, renunciar a algo, estabelecer limites, fazer algo divertido, defender a si mesmo, pedir desculpas ou assumir responsabilidades, são formas de expressar bondade com si próprio.
De acordo com pesquisas, alguns métodos para praticar a benevolência, como um toque afetuoso ou palavras carinhosas, podem reduzir os hormônios do estresse, como o cortisol, e aumentar a ocitocina – também chamada de “hormônio do amor”, que está relacionada com a calma e a segurança.
Reconhecendo nossas experiências interiores, promovendo a benevolência para conosco e compartilhando nosso sofrimento, temos mais probabilidade de manter uma mentalidade construtiva e aprender através de experiências difíceis.
A união destes três pontos aplicados em nosso dia-a-dia, irão trabalhar para impulsionar seu sentimento de Autocompaixão.
E estas são apenas algumas das atitudes que você pode tomar para parar de se torturar, construindo um cotidiano mais tranquilo e amoroso, abundante deste sentimento essencial que só beneficia nossa jornada de autodescoberta.
A Autocompaixão é um exercício individual, mas que também pode receber valiosas ajudas externas como, por exemplo, esta meditação guiada do canal Meditando, da Juliana Tamietti.
Experimente agora:
Uma dica de leitura: livro Autocompaixão, da Kristin Neff
A Kristin Neff é uma estudiosa do tema, doutora em Desenvolvimento Humano pela Universidade de Berkeley, e escreveu um livro inteiro sobre Autocompaixão, chamado “Autocompaixão: Pare de se torturar e deixe a insegurança pra trás“. Vale muito conferir.
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