Sumário
Você já se arrependeu de não ter tido certa conversa difícil antes?
Por exemplo, se tivesse conversado com aquela pessoa, teria resolvido um problema, ou impedido que outro problema surgisse.
Muitas vezes evitamos esse tipo de conversa esperando que a coisa se resolva sozinha, mas em muitos casos o que acontece é que a situação fica pior.
A Comunicação Não-Violenta é uma linguagem que temos disponível para momentos delicados assim, entre outros, e que deve ser usada.
Em tempos onde se discute tanto a saúde mental, o bem estar e o acolhimento, a CNV – como ela também é conhecida, é uma pauta super atual e que está em destaque no debate público.
Por exemplo, ela foi assunto na CNN Brasil, em um papo entre a mediadora de conflitos Carolina Nalon, a professora de retórica Maytê Carvalho e os apresentadores no programa CNN Tonight:
Já falamos sobre autoconhecimento e Comunicação Não-Violenta neste artigo, mas hoje vamos falar especificamente sobre seu uso no início de uma conversa difícil.
Pra começar, vamos resgatar alguns fundamentos da CNV.
Fundamentos da Comunicação Não-Violenta
A Comunicação Não-Violenta é uma linguagem que nos ajuda a comunicar com compaixão e empatia, melhorando nossas conexões com as pessoas.
É um processo que combina quatro componentes com duas partes.
Os quatro componentes são ideias e ações específicas que se encaixam na forma e no modelo do NVC:
- Observação: Reparar no contexto todo do assunto, sem julgamentos;
- Sentimento: Distinguir sentimentos de pensamentos, compreender o que aquilo te faz sentir;
- Necessidade: Perceber que todos temos necessidades – e assim praticar a empatia;
- Solicitação: Sempre claras e concretas, prontas para atender as necessidades e resolver a situação;
Já as duas partes, são: a empatia e a honestidade.
Com esses elementos e partes, é que foi criado o modelo de comunicação eficaz em momentos de conflito.
Sua estrutura fica mais ou menos assim:
Quando eu vejo isso______________.
Eu sinto ______________.
porque minha necessidade de ________________ é / não é atendida.
Você estaria disposto a __________________?
Claro, este é apenas um exemplo, o mais importante não são as palavras que são usadas, mas sim a intenção dos componentes e das partes.
Como Iniciar uma Conversa Difícil?
Com essas ferramentas em mãos, fica mais fácil pensarmos como enfrentar o começo daquela conversa difícil a que nos referimos no começo deste artigo.
Vamos enumerar alguns passos abaixo que podem te guiar nesse processo:
1 – Veja como está se sentindo e qual sua necessidade. Investigue isso a fundo, compreenda-se para então se preparar para a situação.
Exemplo: Estou me sentindo sozinho e desconfortável com a distância do meu parceiro.
2 – Pense bem qual sua intenção. Se você quiser controlar, julgar, condenar ou punir, então provavelmente não sairá desta conversa de uma boa maneira. A intenção deve ser a de estabelecer uma conexão com o outro, não disputar poder.
Pergunte a si mesmo – estou tentando me conectar com o sentimento do outro ou estou tentando o controlar?
Se você quer “estar certo”, por exemplo, saiba que isso é uma forma de controle, é impor a sua visão sobre a do outro.
Exemplo: Quero comunicar o que estou sentindo e estou disposto a buscar o entendimento e a melhora.
3 – Prepare-se para esta conversa. Pense no que vai dizer e como poderá reagir dependendo da resposta. Com isso em mente você será menos reativo durante a conversa.
Prepare-se para ter que retomar o processo do início, ou ser confrontado com algo que não espera.
Exemplo: E se o outro discordar? O que devo fazer? Como posso mostrar meu ponto de vista de outra forma?
4 – Quando começar a falar, comece pelo problema. Faça sua observação evitando o julgamento, acusações ou generalizações. E seja assertivo, fale exatamente sobre o ponto a resolver, sem colecionar situações ou usando comparações.
Exemplo: Me parece que você está distante.
5 – Expresse seus sentimentos. Além de expor o problema, é importante deixar claro como você se sentiu com aquilo. Coloque ao outro o que aquele problema ou situação desperta em você. Quais sentimentos aquilo te desperta.
Exemplo: Me parece que você está distante, e isso está fazendo eu me sentir triste
6 – Expresse quais são suas necessidades, ou o modo que você deseja que a situação fosse resolvida.
Exemplo: Me parece que você está distante, e isso está fazendo eu me sentir triste. Gostaria que se aproximasse mais de mim.
7 – Peça a resolução a partir de algo atingível. Se possível, coloque um prazo para que esse pedido seja atendido.
Exemplo: Me parece que você está distante, e isso está fazendo eu me sentir triste. Gostaria que se aproximasse mais de mim. Seria possível tentar fazer isso nos próximos dias?
8 – Ouça a outra pessoa com atenção e empatia. Registre as necessidades do outro, inclusive as repetindo, no que chamamos de audição reflexiva, um processo que desarma a agressividade e mostra a atenção dispensada.
Ao ouvir os sentimentos e necessidades não atendidas do outro, também podemos colaborar para encontrar estratégias que funcionem para todos nós.
Exemplo: Então você está se sentindo inseguro comigo, por isso está mais distante?
9 – Após ouvir as demandas do outro, coloque as necessidades dele junto às suas. Quando nos sentimos compreendidos, nos abrimos para novas visões.
Exemplo: Quero que você se sinta mais seguro comigo e também quero que você se aproxime mais de mim.
Lembre-se, ambas as partes precisam fazer concessões e exercer a empatia para chegarem a uma solução comum e satisfatória.
A Comunicação Não-Violenta não é infalível, mas é um caminho eficaz e amoroso para criar a conexão entre você e o outro, iniciando a resolução de uma situação delicada.
Pronto para encarar o desafio?
Preencha seu coração de amor, e que tudo se resolva sempre pelo melhor caminho, e pela paz.
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