Sumário
Em 2018, 10 novas Práticas Integrativas e Complementares (PICS) entraram na lista das modalidades terapêuticas ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, e entre elas está a dança circular.
Em nossa série de artigos aqui na revista Meu Retiro, que buscam apresentar a vocês como são essas práticas, hoje falaremos desta que é uma das mais acessíveis de todas.
Sim, acessível, afinal poucos são aqueles que nunca dançaram, ou brincaram de roda quando crianças, por exemplo.
A dança é uma das atividades artísticas mais antigas da humanidade, sempre presente em momentos importantes, em celebrações e rituais de todo o tipo.
A dança circular refere-se exatamente ao que seu nome sugere, ou seja, é uma dança coletiva feita em movimento e formação circular.
Mas o que isso tem de terapêutico? A dança circular é terapêutica? É sobre isso que vamos conversar a seguir.
Qual o Objetivo da Dança Circular?
As danças circulares trabalham com muitos valores internos, além das questões corporais.
Com ela é trabalhada a chamada saúde integral, buscando o equilíbrio entre o corpo físico, o mental e o espiritual.
A partir da dança em formato de roda, o grupo interage coletivamente de forma física, mas explora o aprimoramento pessoal de forma individual, trabalhando o autoconhecimento e a autorreflexão.
Durante a prática os participantes refletem sobre temas como pertencimento, coletividade, sobre a busca por unidade, a cooperação, autoconfiança, noção rítmica, foco e concentração no momento presente, além é claro, de experienciarem a troca de energia.
Na parte física, é trabalhado o desenvolvimento da consciência corporal, o fortalecimento da flexibilidade corporal e a coordenação motora.
Por seu caráter coletivo sem hierarquias, o senso de comunidade e empatia são bem explorados, o que faz com que a prática também seja usada em dinâmicas de grupo em empresas ou times.
A Origem Da Dança Circular
Como falamos no começo do artigo, a dança circular nos remete a manifestações corporais de celebração que acontecem desde os tempos mais remotos.
Povos antigos faziam rituais em suas comunidades dançando em círculo, e a dança circular atual é o resgate desta antiga prática, com a compreensão que temos hoje de todos os signos e significantes que ela possui.
Esse resgate e essa ressignificação tiveram início em meados da década de 1970, pelas mãos do bailarino, coreografo, artista plástico e professor de dança Bernhard Wosien.
Wosien era um alemão que levou para a Comunidade de Findhorn, uma ecovila localizada na Escócia, uma coleção de danças folclóricas como atividade experimental que ele batizou de Danças Circulares Sagradas.
O ‘sagradas’ do nome é devido à ideia de Wosien de resgatar não somente os passos da dança, mas também toda a simbologia e tradição que ela trazia de cada povo que a executou antes.
Desta atividade em Findhorn até hoje, outras tantas danças foram incorporadas à dança circular, e ela correu o mundo como atividade de autoconhecimento.
No Brasil ela surge em meados dos anos 1980, através de pessoas que estiveram ou moraram em Findhorn, e evolui através dessa troca de conhecimento, expandindo-se no país a partir do começo dos anos 1990.
Dentre os nomes de destaque desse período, estão o mineiro Carlos Solano – certificado como sendo o primeiro instrutor de danças circulares sagradas no Brasil; e Sara Marriott, que viveu em Findhorn e veio para o nosso país para trabalhar no Centro de Vivências Nazaré, conhecido hoje por Nazaré Universidade da Luz, em Nazaré Paulista/SP, e implementou a dança circular por aqui.
Por falar em Nazaré Universidade da Luz, recentemente fizemos uma série de vídeos apresentando o local, os quais você pode conferir aqui. Vale a pena conhecer esse lugar tão importante para a história do autoconhecimento no Brasil.
Dança Circular Passo A Passo
A prática da dança circular é bem simples, não requer nenhuma habilidade especial, e até por isso tem grande adesão e contempla um público tão plural.
Não é preciso ter experiência anterior com dança, nem mesmo saber dançar nenhum ritmo específico para acompanhar os movimentos, até mesmo porque durante a vivência o grupo passeia por diversos estilos de música com diferentes ritmos e movimentos.
As atividades são em grupo sempre respeitando o tempo de cada participante, e apesar de não haver hierarquia como já falamos, existe o focalizador, a pessoa que cuida do foco da atividade, indicando os próximos passos a serem feitos e contextualizando as danças que estão sendo executadas.
Depois dos participantes compreenderem os passos, e com os movimentos decorados, começa então o processo interno e individual de atenção plena e autoconhecimento de cada um dos que estão na atividade.
Sugerimos que confira abaixo um vídeo que registra um trecho do Baile da Diversidade, dentro do XVII Encontro Brasileiro de Danças Circulares, que aconteceu em Itapecerica Da Serra/SP, no ano de 2018.
Com esse vídeo é fácil de visualizar na prática como funciona a dança circular sagrada. Olha só:
Para mais informações sobre esta prática tão leve e gostosa, sugerimos também uma visita ao site DançaCircular.com.br, onde além de muito conteúdo, pode-se encontrar uma agenda de eventos relativos ao tema no Brasil.
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