Sumário
Nós da revista Meu Retiro acreditamos que alguns conceitos estão ultrapassados, e devem ser superados e desconstruídos.
Nesse sentido, já falamos aqui sobre as crenças limitantes, autossabotagem e culpa pelo passado, só pra citar algumas dessas ideias que não mais nos cabem.
Hoje vamos falar de mais um: o estigma.
É sempre negativo quando nos sentimos estigmatizados ou estigmatizamos alguém, e esse tipo de postura, que em nada nos edifica, pode ser transformada.
Se você não está bem certo sobre o que ‘estigma’ quer dizer, vamos nos aprofundar no que isso significa e representa.
O Que Quer Dizer a Palavra Estigma
Segundo o dicionário Michaelis, estigma quer dizer o seguinte:
- Marca ou cicatriz deixada na pele por ferida.
- Qualquer marca ou sinal natural no corpo.
- Marca infamante feita com ferro em brasa, geralmente em escravos ou criminosos; ferrete.
No sentido figurado, um estigma pode ser considerado algo indigno, desonroso, o que coloca automaticamente a expressão em um lugar de preconceito, pois é uma leitura atribuída em referência ao sinal feito em criminosos ou escravos para identifica-los como alguém de má reputação.
Mas o estigma do qual nos referimos neste artigo, apesar de igualmente negativo, é outro, é o estigma social.
O estigma social é quando alguém recebe uma valoração social negativa, ou seja, quando alguma característica ou crença daquela pessoa ou grupo a faz parecer menor, ou pior, perante o restante da sociedade.
Falando de forma mais clara, é um pensamento existente no inconsciente coletivo que julga as pessoas a partir de determinadas crenças, orientações e características.
Por exemplo: “quem é gordo está doente”, “todo muçulmano é terrorista”, ou “meninas tem que usar cor de rosa, menino tem que usar azul”, ou mesmo “deficientes físicos não conseguem fazer tal atividade”, e assim por diante.
O antropólogo, sociólogo e cientista social canadense, Erving Goffman define o estigma social como “a situação do indivíduo que está inabilitado para aceitação social plena”, ou seja, alguém que na sociedade, não está 100% inserido aos mesmos direitos, olhares ou privilégios.
Como Ocorre o Estigma
Segundo estudos de Goffman que datam dos anos 1960, o processo de estigmatização em nossa sociedade hoje se divide em três setores:
- Deformações físicas (deficiências motoras, auditivas, visuais, rosto desfigurado etc.);
- Características e desvios de comportamento (questões mentais, toxicodependências, sexualidade, reclusão prisional etc.);
- Estigmas Tribais (ser de determinada raça, nação ou religião).
Por exemplo: mulheres, negros, homossexuais, iletrados, pessoas no espectro autista e tantos outros, em diversos momentos da história, foram (e são) estigmatizados, colocados em um local onde pareciam algo menor perante o restante da sociedade.
Estigmatizar alguém é quando o grupo dominante quer colocar o outro em uma das seguintes metas:
- Manter a pessoa em um nível abaixo;
- Manter a pessoa dentro de uma norma;
- Manter a pessoa afastada ou a margem;
Nos três casos a discriminação se faz presente, com o dominante se colocando no lugar de opressor perante o estigmatizado, normalmente tentando colocar ele em uma ‘caixinha’, que ele julga ser a forma/espaço correto.
Diferença Entre Preconceito e Estigma
A linha que separa esses dois conceitos é bem tênue e discutível, mas em teoria eles são coisas diferentes, e o preconceito pode surgir a partir do estigma.
O estigma afeta de diferentes formas a pessoa ou grupo em questão. Ele pode colocar a pessoa em processos de confirmação, ameaçando sua identidade, a discriminando e criando estereótipos (‘será que ele é mesmo assim?’ ou ‘será que ele não é tal coisa?’).
Ele não é algo lógico ou racional, e é desenvolvido a partir de questões aleatórias a partir da população em geral.
São pensamentos, muitas vezes coletivos, que podem – e normalmente são – preconceituosos.
Já o preconceito é sempre pejorativo e discriminatório perante o diferente, sem o ponto da dúvida.
O preconceituoso desenvolve crenças sobre certas coisas independentemente das características próprias do objeto ou pessoa em questão, baseando-se somente em seu juízo preconcebido.
De todo modo, ambas posturas são fruto da ignorância e de uma consciência social moralmente negativa, algo absolutamente desnecessário que não mais cabe em nossa sociedade.
Estigma e Saúde Mental
Como se não bastasse todo o mal que o estigma pode trazer ao estigmatizado – sua marginalização, isolamento social, o preconceito etc, há ainda os males relacionados a saúde mental.
O estigmatizado internaliza as visões negativas dirigidas a seu grupo e gasta uma energia enorme para gerenciar sua identidade desvalorizada, o que o leva a ruminação e supressão, ambas condições que produzem sofrimento mental.
Estudos mostram ainda que o estigmatizado sofre com altos níveis de estresse, tanto por eventos externos, como a vitimização e a violência, como por eventos internos, como a expectativas de rejeição.
Esse estresse elevado também está relacionado a efeitos e respostas fisiológicas, como a pressão arterial e os níveis de cortisol.
Desconstruir Já!
Esperamos que as informações que passamos neste artigo tenham dado uma nova luz ao tema aos nossos leitores, e tenha ficado claro como o estigma é prejudicial para o indivíduo e para a sociedade como um todo.
Pra encerrar nosso papo vale muito assistir ao vídeo do Alexandrismos, canal da jornalista e escritora Alexandra Gurgel, que fala sobre 7 estigmas sociais que devemos desconstruir já.
Assista e ‘bora evoluir com a gente!
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