Resenhas | Alive Inside

Alive Inside: uma história sobre música e memória (resenha)

Publicado em: novembro 07, 2021 | Por: Meu Retiro

Filme: Alive Inside

Gênero: Documentário

Produção: Michael Rossato-Bennett

Direção: Michael Rossato-Bennett

Sumário

“(…) Quando a música bate, eu não sinto mais nenhuma dor (…)”

É com esse verso extraído da música “Radio“, da banda de rock americana Rancid que começamos a falar sobre esse filme de 2014 que, acima de tudo, fala sobre a importância e a força terapêutica da música em nossas vidas.

Dentre muitos questionamentos, “Alive Inside” faz uma pergunta chave:

“A música toca a todos nós, mas quão profundamente ela nos toca?”

Com essa questão, podemos começar a pensar sobre o poder da música sobre cada um de nós, como ela nos move, e como nos influencia psicologicamente e emocionalmente.

alive inside

Créditos: Leszekglasner | Fonte: Envato Elements

Qual o Enredo de Alive Inside?

Quantas vezes você ouviu uma música e ela te levou diretamente para algum recorte do tempo/espaço ou te lembrou de uma pessoa específica?

Ou melhor, sabe quando você ouve uma música e praticamente revive um período da sua vida?

Então, é sobre isso que trata esse filme, mas aplicado em pacientes com condições mentais.

A narrativa apresentada mostra a luta de Dan Cohen e sua ONG Music & Memory para provar que a música tem capacidade de combater o Alzheimer e demais demências, devolvendo ao paciente parte de sua memória, sua autonomia e melhorando sua qualidade de vida.

Já falamos aqui na Revista Meu Retiro sobre o tratamento através da música, neste artigo sobre musicoterapia, e é exatamente este o caminho que Cohen percorre, inclusive com ajuda de músicos que aplicam técnicas clássicas deste tipo de terapia em certos pacientes.

alive inside

Créditos: Rawpixel | Fonte: Envato Elements

Porém, a principal metodologia utilizada por Cohen e sua ONG é a seguinte: ir a uma casa de repouso ou abrigo de terceira idade, identificar os pacientes com esses problemas mentais, e aborda-los questionando qual sua(s) música(s) favorita(s).

Com essa informação na mão e o diagnóstico médico, passam então para a ação, entregando um iPod Mini para o paciente com as músicas ou estilo escolhidos.

Os presentados com o iPod tem reações imediatas perante o contato com a música. Ela revive memórias, se deixa contagiar e a olho vistos, renasce.

Daí vem o título do filme: “Alive Inside”. Eles estão vivos por dentro, e externam isso da melhor forma ao ter contato com a música, independente de sua condição primária.

Um exemplo disso é a seguinte cena, que inclusive viralizou na internet e deu projeção tanto ao filme quanto ao projeto com um todo. Ative as legendas do YouTube e confira:

No longa, este método é endossado por peritos de diferentes áreas, entre eles o neurologista Oliver Sacks, autor de diversos livros que relacionam a música e o nosso cérebro.

Outro rosto bem conhecido do filme é o músico Bobby McFerrin, que muito além do hit “Dont Worry Be Happy”, é um defensor articulado das qualidades da música que não podem ser quantificadas cientificamente.

Mesmo com tal endosso, o filme deixa claro que tais práticas terapêuticas não são, e nem nunca serão, abraçadas totalmente pelo governo americano ou pelos planos de saúde de lá por questões políticas perante a indústria farmacêutica. 

Quem levanta este ponto é Bill Thomas, um geriatra ativista, que denuncia a naturalidade com que medicamentos fortes são prescritos a idosos ao invés de tentativas alternativas de cura, como a supracitada Musicoterapia.

Mesmo com o tom político desolador, o diretor Michael Rossato-Bennett cria uma narrativa que busca inspirar as pessoas a colaborarem com o projeto, e inclusive mostra ações desse tipo por parte da sociedade civil, após a ação viral via Reddit do video citado acima.

O diretor também faz questão de levantar questionamentos importantes, como qual será o futuro da nossa geração na terceira idade nos EUA, e em como tratamos o idoso em nossa sociedade contemporânea, sempre valorizando mais a vida adulta do que a velhice.

No final, entendemos que o título do filme, “Alive Inside”, é também sobre o nosso despertar, o de quem está assistindo à obra, abrindo nossos olhos para uma questão de saúde importante e tantos outros assuntos periféricos a esse.

Citando o filósofo Immanuel Kant, lembramos que “a música é arte vivificante”, e aqui vemos isso, na prática. Ela vivifica pessoas.

Saiba mais sobre o documentário e sobre a fundação Alive Inside, clicando aqui.

O filme está disponível para compra e locação digital via iTunes, mas também tem cópias legendadas disponíveis através do YouTube.

Assista ao trailer oficial abaixo:

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