Filme: Matrix
Gênero: Ficção Cientifica / Ação
Produção: Joel Silver
Direção: Lilly e Lana Wachowski
Sumário
“O que é real? Como você define o ‘real’? Se você está falando sobre o que você pode sentir, o que você pode cheirar, o que você pode saborear e ver, o real são simplesmente sinais elétricos interpretados pelo seu cérebro.” – Morpheus em “Matrix”
Com essa citação impactante, vamos relembrar e conversar um pouco sobre o filme australo-estadunidense, lançado em 1999, “Matrix“.
Dirigido por Lilly e Lana Wachowski, e protagonizado por Keanu Reeves, Laurence Fishburne e Carrie-Anne Moss, o filme apresenta um futuro distópico onde a realidade da maioria das pessoas é, na verdade, uma realidade simulada por máquinas.
Na história essa realidade fake se chama matrix a qual é utilizada para subjugar os humanos, mantendo-os em uma espécie de simulacro do mundo real em versão virtual.
O hacker Neo (Reeves) descobre essa manipulação da realidade e se junta em uma rebelião contra as máquinas simuladoras, lutando ao lado de outros já libertos do tal controle virtual.
Todo esse enredo sci-fi veio ainda acompanhado de efeitos especiais revolucionários, como aquele conhecido como bullet-time, que se tornou super popular, a ponto de se transformar em referência visual pop, após o filme.
Vamos relembrar:
Mas o motivo de estarmos relembrando Matrix aqui na Revista Meu Retiro não é um resgate das qualidades visuais da obra, mas sim as referências por baixo desta grossa camada de entretenimento cinematográfico.
Há um equilíbrio entre reflexão filosófica e ação neste filme.
Em sua trama, o filme contém diversas referências a ideias filosóficas e ligadas ao autoconhecimento, como a Alegoria da Caverna – trecho do livro “A República” de Platão, e ao livro “Simulacros e Simulação” de Jean Baudrillard – infelizmente fora de catálogo, vendido a preços bem salgados atualmente.
Vamos ilustrar um pouco como essas questões e correntes de pensamento se apresentam no filme.
Referências Em Matrix
Podemos afirmar que o Mito da Caverna, de Platão, é a base da narrativa de Matrix.
Ops… Caso você não se recorde do que trata esse mito, vale lembrar que já falamos sobre essa alegoria neste artigo aqui. Dê uma passada por lá e retorne aqui para continuarmos.
“Estou tentando libertar sua mente, Neo. Mas eu só posso mostrar a porta. Você é aquele que tem que passar por ela” – Matrix.
Matrix e a Alegoria da Caverna de Platão giram em torno da mesma questão metafísica: “o que é real?”, e pela busca por conhecimento (e autoconhecimento).
No filme, o personagem principal, Neo, está preso em uma falsa realidade criada por um software, assim como na alegoria, as pessoas estão presas na caverna, o que julgam ser ‘a realidade’.
Em ambos os casos, quando um deles sai dessa realidade controlada, precisam aceitar primeiro a realidade sobre si mesmos – sobre estarem vivendo uma mentira, para então adquirirem maior conhecimento sobre o que é a realidade pra valer.
Ambos são prisioneiros e escravos de uma existência que pensam ser verdadeira, e ao ganharem o mundo externo, recebem conhecimento e se veem capazes de mudar a si próprios, bem como suas realidades.
Ou seja, traçando paralelos: o prisioneiro (e Neo) viveu sua vida pensando que a realidade era o que ele conhecia na caverna (ou na matrix), mas ao sair de lá, percebeu que a verdadeira realidade era o que estava do lado de fora.
Não é mais ou menos assim que também acontece em nossa jornada de autoconhecimento? Não é a partir dela que temos grandes mudanças em nossa vida?
Além do Mito da Caverna e toda essa reflexão sobre autoconhecimento e mudanças de realidade, o filme também carrega referências filosóficas e “Simulacros e Simulação” do sociólogo e filósofo francês, Jean Baudrillard.
A mais óbvia referência é logo na cena onde Neo esconde seu software ilegal dentro de uma cópia oca deste livro. Mas a presença dele vai além disso.
Originalmente publicado em 1981, esse livro argumenta que a cultura de consumo do final do século XX é um mundo em que as simulações ou imitações da realidade se tornaram mais reais do que a própria realidade, o que ele descreve como “hiper-real”.
Essa ideia de representação, de criação do hiper-real, também tem tudo a ver com toda a criação de realidade onde Neo vive e tudo que consome, onde tudo é preenchido por simulações.
Será que você também se identifica com essa condição? De estar consumindo e vivendo versões aperfeiçoadas da realidade? As redes sociais não te lembram nada? Será que o hiper-real não vem colaborando na piora da nossa saúde mental?
Sair da Matrix, largar o hiper-real, são resoluções que podem mudar as nossas vidas, nos guiando para a tão almejada plenitude de ser.
Caminhos para isso? O autoconhecimento, a atenção plena e tantos outros temas dos quais tratamos aqui em nossa revista.
Em outra cena clássica do filme, Neo pode escolher entre tomar dois comprimidos: uma pílula azul, que permitirá que ele esqueça o que aconteceu e permaneça na realidade virtual da Matrix; ou uma vermelha que o libertará da e o conduzirá ao mundo real.
A questão é: Você toma a pílula vermelha ou a azul? Vale refletir sobre.
Quem quiser se aprofundar mais nessa relação entre Matrix e correntes de pensamento, vale o livro “A Pilula Vermelha – Questões De Ciencia, Filosofia E Religião Em Matrix“, uma coletânea de ensaios escritos por filósofos, cientistas e economistas sobre as questões levantadas pelos filmes da franquia.
Matrix é uma obra-prima do cinema moderno, um dos mais relevantes da virada do século.
Influente e revolucionário em seu lançamento, mostrou que filmes de ação e ficção científica podem ir além das cenas de tiroteio, perseguições e lutas.
Assista ao trailer do filme aqui:
Matrix está disponível no catálogo da Netflix, e também está disponível para locação via YouTube.
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